segunda-feira, 30 de junho de 2014

Lendário produtor Stuart Epps fala sobre Elton John, George Harrison e Jimmy Page

Colaboração de Thander Easton
Um dos mais influentes produtores musicais do último século, o britânico Stuart Epps concedeu uma entrevista exclusiva ao The Music Journal Brazil e falou sobre a sua experiência em trabalhar em estúdio com verdadeiros ícones do rock como Jeff Beck, George Harrison, Jimmy Page e Elton John com quem iniciou sua carreira nos estúdios.
Epps também trabalha com duas bandas brasileiras: Janice Doll e Tarzen
Confira:
Marcelo de Assis: Stuart, você começou a trabalhar em um ambiente musical com apenas 15 anos. Quando você identificou essa paixão pela música? Foi bem mais cedo que isso?
Stuart Epps: Eu comecei meu interesse musical quando eu ainda era muito jovem. Eu costumava cantar quando eu tinha apenas três anos. Sempre quis cantar junto com as canções da rádio e meu pai realmente estava dentro da música
Marcelo de Assis: Como era trabalhar para o Dick James? Como surgiu esta oportunidade?
Stuart Epps: Você sabe, um grande amigo meu que também estava nas bandas, Clive Franks é um pouco mais velho do que eu e teve seu primeiro emprego na Dick James Music e ele me falou que teria que ser substituido! Ele era o office-boy e eu achava isso brilhante. Eu estava de saco cheio da escola e queria sair de lá. Ele costumava dizer “Eu conheci o Paul McCartney hoje e tenho que anotar seu numero. Isso é tudo o que posso te dizer”.
Pensei que brilhante seria trabalhar lá! Então fui a uma entrevista e consegui um emprego na Dick James em 1967. Lá era uma editora de música, provavelmente, a maior editora de música em Londres naquela época: eles publicavam os Beatles e um monte de bandas de Liverpool e tinhamos um estúdio também! Clive foi promovido a cortador de discos. Eu tive que limpar o banheiro, limpar a máquina de café e por isso, era um trabalho que ocupava muito tempo, mas claro, não era um trabalho brilhante porquê, como era uma editora musical haviam sempre grandes pessoas trabalhando por lá, fazendo música no estúdio.
Stuart Epps ao lado de Elton John e Kiki Dee nos anos 70 / Divulgação
Stuart Epps ao lado de Elton John e Kiki Dee nos anos 70 / Divulgação
Marcelo de Assis – Um dos seus primeiros trabalhos foi acompanhar Elton John quando você ainda tinha 18 anos e ele estava despontando como um grande nome da música mundial. Nos conte como foi isso!
Stuart Epps: Ele atendia pelo nome de Reg Dwight, um tipo de cara incomum com roupas engraçadas o qual eu tenho muita amizade e é um grande músico! Na verdade ele sentou ao piano, tocou músicas incomuns e eu pensei: “esse cara é incrível!” Um incrível pianista e cantor que eu nunca tinha ouvido falar antes que me fez pensar: “Quero ser um compositor!” Mas depois pensei “Esse cara é melhor do que eu e eu nunca serei tão bom quanto”, mas que me fez despertar o interesse e eu imaginei que talvez eu pudesse trabalhar com ele e que de alguma forma, isso seria ótimo! Ele mudou seu nome e tornou-se Elton John
Marcelo de Assis: Gus Dudgeon assinou grandes produções na história do rock como Ziggy StardustGoodbye Yellow Brick Road e você foi convidado para trabalhar com ele. O que você absorveu desta parceria e como ela influencia seu trabalho nos dias de hoje?
Stuart Epps: Você saberá a verdadeira estória agora! Steve Brown vinha produzindo Elton John para o álbum Empty Sky e eles já estavam pensando no próximo álbum e na verdade ele não foi compreendido o suficiente neste trabalho. Ele queria ter alguém para produzir melhor os próximos álbuns. Então, ele começou com o jovem Danny Cordell. Ele produziu todos os tipos de grandes artistas mas não aceitou o trabalho.
Com isso Stevie marcou uma reunião com um arranjador chamado Paul Buckmaster que passou a trabalhar com muita boa gente. Stevie disse a ele que estava procurando um produtor e Paul disse: “Gus Dudgeon! Você deve ir falar com ele. É um grande produtor e trabalhou com David Bowie em Space Oddity”.
E Stevie ama esse disco, então, ele foi ao encontro de Gus. Foi assim que Gus tornou-se produtor musical no álbum Elton John e teve Your Song com grandes sessões orquestrais.
Gus influenciou tudo o que eu faço. Aprendi todas as minhas habilidades de produção com ele. Então, eu aprendi com o melhor realmente e tento manter a tradição da mesma maneiro que Gus trabalhou com grandes produções e fazendo com que o estúdio seja um ótimo lugar para estar, tornando uma grande atmosfera e eu espero continuar com ele na minha area, onde ele me ajuda todos os dias. Como você sabe, ele infelizmente morreu durante um acidente de carro há onze anos.
Os trabalhos com George Harrison, Jeff Beck e Jimmy Page
Harrison Beck Page
Marcelo de Assis – Stuart, durante sua carreira você trabalhou com verdadeiras lendas da música como o ex-Beatle George Harrison, Jeff Beck e Led Zeppelin. Existe algum fato ou alguma lembrança especial que você guarda da convivência que você teve com estes artistas?
Stuart Epps: Trabalhar com George Harrison foi incrível! George veio ao estúdio trabalhar no álbum-solo de Mick Fleetwood (baterista do Fleetwood Mac). Você sabe, é uma coisa incrível estar com eles, conhecer um Beatle e ele realmente colocar a guitarra na gravação. Você tenta agir normalmente. Foi ótimo trabalhar com eles obviamente! São grandes artistas, absolutamente brilhantes.
Eu trabalhei com Jeff Beck e obviamente, você deve saber, Gus vendeu o estúdio ao Jimmy Page do Led Zeppelin com quem trabalhei durante cinco anos. Eu não era um grande fã do Led Zeppelin mas foi ótimo trabalhar com Jimmy.  No Brasil, Jimmy é visto como um “Deus”. Já fez grandes shows por aí. Ele tem bastante afinidade com o Brasil.
Marcelo de Assis: Com quais artistas você trabalha hoje?
Stuart Epps: Eu fui ao Brasil e trabalhei com uma banda chamada Tarzen. Eles assinaram com a Atlantic Records. Eles são uma ótima banda. Estou muito ansioso para trabalhar com mais bandas e artistas brasileiros!
Marcelo de Assis: Como você avalia o mercado musical nos dias de hoje com o advento da era digital e como isso influi hoje nos métodos de gravação em estúdio?
Stuart Epps: Esta é uma grande questão, Marcelo! Obviamente hoje em dia é completamente diferente como se costumava ser nos métodos analógicos de gravação, mas eu ainda uso os mesmos métodos realmente. O som que eu quero alcançar ficou na minha cabeça. Onde é digital ou analógico, você sabe, ainda é musica, ainda mais confiável agora do que nunca. A tecnologia mudou em mais de quarenta anos que tenho feito música. Eu vi todas as mudanças tecnológicas.
Música ainda é musica e tem movimento, tem de ser grande. É bom ser capaz de trabalhar em meu estúdio, em minha casa, bom para trabalhar com bandas de todo o mundo e você não poderia fazer isso ha vinte anos e compartilhar arquivos na web com bandas do Brasil ou de onde quer que seja, da Nova Zelândia, Australia e Estados Unidos. Eu pude trabalhar com bandas de toda a Europa, então, isso é bom!
Marcelo de Assis: Qual foi o artista que você teve mais prazer em trabalhar em toda a
sua trajetória profissional?
Stuart Epps: Eu trabalho com muitos artistas. Tenho o prazer em muitos deles. Paul Rodgers, provavelmente, um dos melhores cantores. Elton John, o melhor cantor, o melhor pianista. Trabalhar com Jeff Beck foi algo brilhante. Com Jimmy Page, um grande artista, grande produtor de grandes idéias.
Um novo projeto com Elton John
Stuart Epps e Elton John / Divulgação / Site oficial
Stuart Epps e Elton John / Divulgação / Site oficial
Marcelo de Assis: Stuart, eu vi uma mensagem no seu site oficial que você atualmente está trabalhando com Elton John em um novo projeto. Você pode nos falar sobre isso?
Stuart Epps: Eu não posso dizer o que é, mas é Elton cantando em uma faixa com um outro grande cantor e compositor dos anos 70. Provavelmente estará disponível em um mês ou dois. Eu não posso dizer muito sobre isso no momento, mas é ótimo estar trabalhando com Elton. Isso é certo!
Marcelo de Assis: Como você descreveria o Elton John?
Stuart Epps: Ele é o cara mais incrível, com um grande coração. Nunca tivemos uma discussão. Ele sempre esteve tentando fazer as melhores coisas para si mesmo e para outras pessoas. Na verdade ele é muito generoso.
Marcelo de Assis – você é da era dos discos de vinil e hoje, depois de anos de mudanças tecnologicas, ouvimos musicas por meios digitais, mas ainda existe muita discussão quando o assunto é qualidade sonora. Qual a sua posição sobre isso?
Stuart Epps – A minha posição é que música é música. Eu tento usar toda a minha experiência para obter os mesmos tipos de sons analogicos em gravações digitais.
Marcelo de Assis – Você tem algum sonho que não realizou ainda?
Stuart Epps: Seria bom viver em uma bela praia em algum lugar… provavelmente no Brasil com a minha esposa Julia, mas no momento estou trabalhando, trabalhando de uma maneira muito diferente com os artistas. É muito emocionante!
Conheça o site de Stuart Epps em:www.stuartepps.co.uk

Nenhum comentário:

Postar um comentário