Um dos maiores compositores da música popular brasileira e dono de sucessos como Amanhã, Meu Mundo e Nada Mais, Cheia de Charme e Êxtase, o paulistano Guilherme Arantes concedeu uma entrevista exclusiva ao The Music Journal Brazil.
Preocupado com a preservação ambiental, ele contou sobre o seu trabalho na ONG Planeta Água que mantém na Bahia, o início de sua carreira, parcerias e sobre o seu novo álbum que será lançado no ano que vem. Acompanhe:
Marcelo de Assis:
Guilherme, em seu site oficial você já avisou que um novo álbum está a
caminho… o romantismo terá novamente um espaço cativo em suas novas
composições?
Guilherme Arantes: Terá, mas cada vez mais o amor tem que ser um amor maduro…
Marcelo de Assis: E quando o novo trabalho estará pronto?
Guilherme Arantes: Acho que só depois do Carnaval de 2012…
Marcelo de Assis: Você planeja uma turnê pelo Brasil?
Guilherme Arantes: Estamos em turnê todo ano, permanentemente, desde 1984…
Marcelo de Assis: Você
foi um garoto prodígio com a música, tocando instrumentos de corda desde
muito cedo. Como foi essa migração e a sua paixão pelo piano?
Guilherme Arantes: Foi muito cedo, porque meu pai comprou o piano de casa quando eu tinha 6 anos…
Marcelo de Assis: Quando você saiu da banda Moto Perpétuo,
que mantinha um estilo voltado para o rock progressivo, você passou a
criar composições que se encaixavam bem mais á musica popular brasileira
do que ao estilo anterior. Porém, nos arranjos da canção Amanhã parece nítida a influência progressiva. Foi exatamente isso que aconteceu?
Guilherme Arantes: Foi, o chamado “som progressivo” dos anos 70 é recorrente pra mim, uma fase maravilhosa musicalmente, porém um pouco pedante em cima do “virtuosismo”, mas que deixou marcas de coisa belíssimas também…
Marcelo de Assis: E por falar em Amanhã, esta canção fala muito da esperança no futuro… o que te inspirou a escrevê-la e como aconteceu?
Guilherme Arantes: Foi
numa crise, eu tinha terminado namoro, estava mal.. aí escreví a letra
em duas horas, descendo pra Santos no meu fusquinha vermelho….
Marcelo de Assis: Eu confesso, Guilherme que a canção Baile de Máscaras de
1977 é uma das minhas preferidas e, claro, de muitos fãs. E ela
facilmente constrói um “filme” na mente de quem escuta. É uma estória de
amor de duas pessoas que sofreram com o seu passado e que, como diz a
letra, “lavaram as almas” com o encontro. Ela, como outras composições,
tem alguma referência com a sua experiência de vida?
Guilherme Arantes: A maioria sim, não sou muito de fantasiar… Fica melhor quando se vive o que se canta…
Marcelo de Assis: Você participou de vários festivais musicais nos anos 70 e 80. Só que no Prêmio Shell realizado em 1981, você foi a grande sensação com a belíssima canção Planeta Água mas que perdeu na ocasião para Purpurina na voz da (então, futura atriz) Lucinha Lins…
como foi lidar com aquela ocasião, naquela época, sabendo que sua
canção era melhor do que a da concorrente, que foi vaiada imediatamente
após o resultado dos votos do júri?
Guilherme Arantes: Aquilo foi uma pixotada, uma palhaçada… Não o festival em si, que foi ótimo, mas o resultado foi um mistério….
Marcelo de Assis: Planeta Água
deixou clara a sua preocupação com o meio ambiente. A ONG que você
mantém na Bahia e que leva o mesmo nome da canção, era na verdade, um
sonho antigo?
Guilherme Arantes: Era, e é uma realização de vida…
Marcelo de Assis: E como tem sido o trabalho nesta ONG?
Guilherme Arantes: A
gente participa do Conselho gestor das APAs (Áreas de Preservação
Ambiental) e faz um trabalho de conscientização e de replantio da
biodiversidade…
Marcelo de Assis: O seu
ecletismo musical parece o deixar bem a vontade ao trabalhar com outros
grandes nomes de nossa música, como, por exemplo, Elis Regina, Flávio Venturini, Leila Pinheiro e Roberto Carlos. Buscar uma similaridade musical soa como um desafio para você?
Guilherme Arantes: Sempre será um desafio, ainda mais quando os artistas são tão significativos, ídolos, o respeito e o prazer são enormes….
Marcelo de Assis:
Guilherme, você já foi um recordista de arrecadação de direitos autorais
nos anos 80. Com essa mudança no mercado fonográfico onde a música pode
ser adquirida pelo computador, muitas vezes gratuita, não gerando
retorno de um trabalho realizado, como você vê a situação no futuro dos
novos músicos e até mesmo da música em geral?
Guilherme Arantes: Tudo
se resolverá. Novas mídias trazem novos desafios, e novas soluções.
Tudo é uma questão de tempo. Por enquanto , há um impacto da chegada dos
meios digitais..
Marcelo de Assis:
Muitos fãs reclamam que você não aparece tanto como antes na mídia como,
por exemplo, nos programas de TV. Você sente falta desta aproximação
com estes meios de comunicação?
Guilherme Arantes: Não, porque não há mais tantos espaços na mídia.. Onde é que me querem ver ? No Chacrinha? No Bolinha? Nada disso existe mais…
Marcelo de Assis: Qual a sua opinião sobre os novos talentos de nossa atual música popular? Você tem algum artista preferido atualmente?
Guilherme Arantes: Tenho: Zeca Baleiro, Maria Gadú, Roberta Sá e seu marido Pedro Luis, Marcelo Jeneci, tem tanta gente…
Marcelo de Assis: Você já fez parte de muitas parcerias musicais. Você destacaria alguma que foi muito especial para você?
Guilherme Arantes: Foi com Nelson Motta minha melhor parceria, em muitos momentos…. Acho mesmo que devemos prosseguir…
Marcelo de Assis: Nestes 35 anos de carreira, qual a palavra que definiria toda a sua trajetória?
Guilherme Arantes: Muita sorte, muita luta, muitas alegrias…
Marcelo de Assis:
Guilherme, obrigado pela sua entrevista e, na minha condição de
jornalista e admirador de seu trabalho há muitos anos, deixo meu
agradecimento por sua imensurável contribuição á nossa rica música
popular brasileira!
Guilherme Arantes: Obrigado a você, pelo espaço…e sempre que precisar, estou á disposição, Abraços!
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