sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A&M Records

A partir de hoje o The Music Journal Brazil vai iniciar uma série de reportagens sobre as empresas que vendem, distribuem e produzem o talento de inúmeros artistas por todo o planeta: as gravadoras. E vamos iniciar por uma gravadora que foi responsável pelo sucesso de grandes nomes da música internacional e, porquê não dizer também, do Brasil. Esta reportagem é sobre a A&M Records, uma das maiores gravadoras do mundo. Se você já comprou algum CD dos Carpenters, Sting, The Police, Suzanne Vega, Chris de Burgh, Supertramp, The Black Eyed Peas ou Soundgarden ja deve ter visto o selo da compania estampado nos discos de vinil ou nos stampers de CD. A sigla A&M é a inicial dos nomes dos dois fundadores da gravadora: Morris Alpert e Jerry Moss. Jerome "Jerry" Moss é um americano nascido no bairro do Bronx, em Nova York. Quando jovem, Moss estudou a lingua inglesa numa faculdade do Brooklyn onde alcançou a graduação. Anos mais tarde, tornou-se produtor musical de um popular grupo de R&B nos anos 50 conhecidos como The Crests que lançou o single "Sixteen Candles" (que foi regravada em 1984 pelos Stray Cats, para quem ainda se lembra) destacando o seu vocalista, Johnny Maestro e conduzindo a banda ao nº 2 do Top 100 da Billboard em 1958. Jerry Moss conquistou com isso um belíssimo resultado para quem está iniciando uma carreira de produção musical, principalmente porque os recursos tecnológicos na época eram parcos. Em 1960 Moss resolve se mudar para Los Angeles na Califórnia e lá ele conhece Herbert "Herb" Alpert, trompetista e líder de seu grupo "Herb Alpert Tijuana Brass". No ano seguinte Alpert e Moss decidem montar iniciar uma parceria profissional visualizando a criação de uma gravadora e partiram para o negócio com US$ 100 cada um, um valor que podemos considerar simbólico em qualquer setor comercial, mas foi o inicio de tudo e definiram que a compania iria se chamar "Carnival Records" e com isso lançaram o primeiro single "Tell It To The Birds" interpretado por Alpert e um segundo single "Love Back In Style" de Charlie Robinson. Esta última, não vendeu bem e eles venderam a canção para uma gravadora chamada Dot Records. "Love Back In Style" teve melhor colaboração nas vendagens que alcançaram entre 12 e 15 mil cópias faturando US$ 3.500. Para quem investiu apenas US$ 100 era mais um bom sinal que a parceria entre Alpert e Moss teria um futuro brilhante. Só que havia um problema: o nome Carnival ja era utilizada por outra gravadora e foi aí que Alpert e Moss decidiram que o novo nome da gravadora seria as iniciais de ambos. Finalmente, naquele ano, em 1961 nascia a A&M Records. E por "ironia do destino" iniciou seus negócios com a Carnival Records (exatamente ela, a quem Alpert e Moss acidentalmente "plagiaram" o nome) e mais uma compania foi incorporada, a Irving Music. Próximo passo: onde seria o escritório da empresa? Rapidamente foi decidido: na garagem de Herb Alpert. Para que tenhamos uma idéia da estrutura local, Jerry Moss explica que foi tudo muito simples: "Nós tinhamos uma mesa, piano, banquinho do piano, um sofá, uma mesa de café e duas linhas telefônicas. E que, para nós dois trabalhávamos muito bem, porque nós poderíamos compor as canções no piano, e fazer ligações telefônicas para os distribuidores. Tivemos também um serviço de atendimento. E eu gerenciava todo o meu faturamento ." Em agosto de 1962 lançaram o seu terceiro single com Herp Alpert apresentando sua banda "The Tijuana Brass". No mês seguinte a A&M Records passa a ter seu próprio logotipo utilizando a cor laranja para as letras e a cor preta para o trompete, que provavelmente, este último, uma grande referência ao instrumento musical de Alpert. Com este single, Herp Albert entrou para a Parada Billboard alcançando o 6º lugar nas paradas com vendas superiores a 700 mil cópias. O lucro foi de US$ 180 mil. Com o interesse em produzir discos de qualidade, a A&M Records contratou a empresa Monarch para fazer as prensagens dos discos. Os albuns eram gravados em mono, prensados com um produto chamado estireno. Os albuns gravados em estéreo eram gravados em vinil. Apesar disso, curiosamente, Herp Alpert insistiu para que o seu álbum fosse gravado em mono. Os negócios da gravadoram estavam prosperando e no final de 1962, Alpert e Moss efetuaram sua primeira contratação: Jolene Burton agora era responsável pela contabilização da empresa que incluia o controle dos albuns prensados, contas a pagar e receber entre outros. No dia 1º de Fevereiro de 1963, a A&M Records abre o seu primeiro escritório na Califórnia sob o endereço de 8255 Sunset Boulevard em Hollywood. Em 1964 a A&M conquista seu primeiro contrato de licenciamento internacional com a Festival Records na Austrália. O single "The Lonely Bull" foi licenciado para a EMI o seu
contratado, a Baja Marimba Band foi licenciada para Decca Records para outros países.


Herb Alpert & The Tijuana Brass
The Lonely Bull
A&M Records, 1962
Foto: Divulgação

Na metade da década de 60 foram iniciadas grandes contratações para a A&M: We Five, Sergio Mendes & Brasil´65 que, por sua vez, alterouo nome da banda para Brasil´66 quando Mendes lançou um album apresentado por Alpert. No mês de agosto daquele ano a gravadora lança sua editora para registros das músicas dos artistas contratados: a Almo Music. Em outubro Tommy Li Puma foi contratado para cuidar do setor de Artistas e Repertório (A&R). Com muito trabalho e grandes contratações artísticas e administrativas chega o momento de colher os resultados depois de muito trabalho: Em 15 de Dezembro de 1965, a A&M Records conquista seu primeiro Disco de Ouro e sua primeira certificação para a RIAA (Recording Industry Association Of America ou Associação da Indústria de Gravação da América) para os álbuns "Whipped Cream and Other Delights" e "Going Places". E as premiações não pararam por aí: A banda de Help Alpert, o Tijuana Brass conquistou quatro prêmios Grammy com a canção "A Taste Of Honey". Entra o ano de 1966 e com ele o crescimento estrutural da A&M Records não parava e com isso Bob Fead foi contratado para ser o Diretor Nacional de Vendas, criando uma rede deistribuição independente. Don Graham foi contratado para ser o Diretor Nacional de Promoção. Nesta mesma época foram criadas as empresas A&M Records International Publshing e a Almo / irving Music como editora musical. Com isso foram registrados 200 canções para a obtenção do direito autoral. No dia 6 de Novembro de 1966, a A&M abriu vários escritórios no Charlie Chaplin Studios em Hollywood iniciando as atividades com 32 funcionários. E mais um escritório no Edifício Iroquois na Filadélfia. O numero de registros para obtenção do direito autoral chegou a 278 mil. E quando este ano se encerrou, Herb Alpert viu o seu album alcançar mais de 13 milhões de vendas. Em 1967 a gravadora contrata Burt Bacharach, Procol Harum e Joe Cocker. No mês de agosto deste ano a editora Rondor Musical é inaugurada. Era uma fase tão próspera da A&M Records que em 12 de Dezembro de 1967 uma famosa série de TV "Hollywood palace" transmitiu para os EUA todos os artistas do cast da gravadora, entre eles o Tijuana Brass, Baja Marimba Band, Burt Bacharach, Sergio Mendes e Brasil ´66, Tommy Boyce e Bobby Hart, Liza Minelli e Wes Montgomery. E finalmente chega o dia em que um single da gravadora chega ao número 1 da bilboard: Era 22 de Junho de 1968 e o single "This Guy´s in Love With You" de Herb Alpert alcança o topo.

O grupo Brasil ´66 liderado por
Sérgio Mendes: Uma das primeiras contratações da A&M Records na época de ouro da bossa nova.














Os anos 70




Os Carpenters no momento da assinatura do seu primeiro contrato com a A&M Records em
22 de Abril de 1969 na presença de um de
de seus fundadores: Jerry Moss.
Foto: onamrecords.com




Novos artistas, que no futuro fariam história na música mundial são contratados pela A&M por intermédio da Island Records: The Carpenters, Quincy Jones, Ike & Tina Turner, Cat Stevens (hoje Yusuf Islam) e Jimmy Cliff. Em 1970 a empresa abre uma filial na Grâ-Bretanha. Houve uma considerada modernização nos aparelhos dos estúdios utilizados pela A&M, principalmente nas câmaras de reverberação.


Em fevereiro de 1970, a A&M Records inicia suas atividades no Canadá.


Em março de 1970, Herp Alpert encerrou as atividades do Tijuana Brass.


Em junho de 1970, o Supertramp assina com a A&M Records.




Peter Frampton, The Police
e Supertramp: Grandes nomes da A&M que
fizeram sucesso nos anos 70.
Arte: Marcelo Assis
Ao final de 1970, depois de rever o balanço anual constatou-se que foi o melhor ano da A&M na produção de discos, com 39 álbuns e 18 singles lançados, todos entrando na Parada Billboard daquele ano. Joe Cocker e Sergio Mendes & Brasil ´66 dominaram as vendas de singles. Foram conquistados 2 Prêmios Grammy e 3 Discos de Ouro, dois deles para Sergio Mendes.



Em 1971, Jerry Moss é nomeado "Executivo do Ano".


Os negócios da A&M Records estavam muito prósperos nos anos 70, tanto que, em 1976, compania já contava com 300 funcionários. Nesta época a gravadora conquistou 3 discos de platina. Joan Baez, Peter Frampton e Nazareth foram os grandes nomes.


Em 1977 um fato curioso ocorre dentro da A&M:


Em 9 de Março uma banda punk chamada Sex Pistols foi contratada como uma nova banda no cast da A&M. No dia 10, foi apresentada a assinatura do contrato em público. Então a equipe da gravadora empenhou-se em lançar "God Save The Queen" o mais rápido possível. Mas como eles tinham um comportamento digamos, ofensivo e de protesto, isso não agradou em nada os artistas que faziam parte do cast da A&M. Eles acreditavam que o Sex Pistols seriam incompatíveis com o ambiente formado por outros artistas da gravadora. Resultado: Eles foram destítuidos da A&M Records em 16 de Maio de 1977. Mesmo assim, algumas cópias de seu álbum foram prensados e vendidos ao público. Nem é preciso dizer o sucesso que foi essa banda, lançando o seu primeiro álbum pela inglesa EMI.


Renegados pela A&M á pedido do cast da gravadora, os Sex Pistols foram desligados da compania e tiveram sua estréia pela EMI.


Com a empresa crescendo ferozmente e promoções surgindo constantemente, Jerry Moss foi nomeado presidente da empresa com Herp Alpert na vice-presidência.


Em 22 de Junho de 1977 foi inaugurado o Centro Financeiro da gravadora com 40 funcionários. E foram inaugurados também a A&M Pacífico, a A&M Desenvolvimento Criativo em conjunto com a Horizon Records e a A&M Europe situada em Paris. França. Em 1978, a A&M contrata a banda inglesa The Police. Neste ano foi lançado o single "Roxanne". Foram abertos escritórios na sede da CBS Records (Hoje Sony Music) na Holanda e na Alemanha.


1979 foi um ano difícil para a A&M Records: Em 15 de Fevereiro a RCA Records (Hoje Sony Music) passou a distribuir os titulos da A&M e, com isso, as atividades de distribuição interna da gravadora foram encerradas. A Horizon Records que era controlada pela compania foi dissolvida também. O que ajudou a empresa foi um contrato assinado para distribuir os títulos pela IRS. E um novo contrato com os Carpenters foi celebrado.


Mas nem tudo é espinho e naquele ano, vários artistas da compania faturaram prêmios e ótimas vendagens tais como Supertramp, The Police, Joe Jackson, Styx entre outros.


Em 1980 a indústria fonográfica estava em declínio, o mercado fonográfico sofria grandes alterações. As gravadoras locais lutavam para conquistar o público com os seus artistas e aumentar as vendas de LPS. E, com isso, a A&M Records foi obrigada a dispensar 45 artistas de um cast de 100. Em 5 de Maio daquele ano é lançado o novo álbum-solo de Karen Carpenter com 21 faixas. Ainda neste ano, a A&M lança seu primeiro Laser-Disc de 12 polegadas: "True Colors" de Splitz Enz. A gravadora ficou na expectativa que cópias ilegais não fossem produzidas com a nova tecnologia.


Em 1981 a A&M Films foi fundada.


Durante toda a década de 80 os grandes nomes da A&M em resumo foram: The Carpenters, Supertramp, Bryan Adams, Jeffrey Osbourne, The Go-Go´s, Suzanne Vega, Human League, Rita Coolidge, Styx, The Brothers Johnson, Cat Stevens, Chris De Burgh, Sergio Mendes, USA For Africa, Amy Grant, Janet Jackson, Al Green, Extreme, entre outros.


O álbum "Bring On The Night" do Sting, que marcou a primeira turnê solo pós-The Police, foi o primeiro título da A&M a ser controlado pela PolyGram.


Em 1990 a A&M Records foi vendida para a PolyGram, que é uma fusão da Phonogram com a Philips Holandesa.


No dia 18 de Junho de 1993, Herb Alpert e Jerry Moss venderam 100 por cento de todo o capital da A&M para a PolyGram e passou a ser uma divisão da nova compania. Foi assinado um contrato de 5 anos onde a PolyGram deveria manter o catalogo artístico e identidade da A&M. Em 1999, a gravdora encerrou as atividades em sua sede. Foi colocado um pano preto sobre o símbolo da A&M indicando o fim da empresa. Em 1999, com a fusão da Universal Music sobre a PolyGram outros selos como Interscope e Geffen Records foram inseridos junto a A&M causando uma confusão de selos. Em 22 de Janeiro de 1999, numa entrevista para a publicação Los Angeles Times Business Section, Herb Alpert desabafou: "É certamente ver o que está acontecendo hoje, mas para dizer a verdade, voce pode ver que a A&M tornou-se parte da estrutura da PolyGram". Em outubro daquele ano, a Universal Music fechou a A&M Studios, encerrando de vez o ciclo desta grande gravadora.


Hoje, a A&M Records pertence a Universal Music Group e está inserida junto ás gravadoras
Interscope Records e Geffen Records. Um dos maiores nomes hoje deste selo é o The Black Eyed Peas.




Fontes de pesquisa:


http://www.onamrecords.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/A&M_Records
http://pt.wikipedia.org/wiki/A&M_Records


Site atual da A&M Records:


http://www.interscope.com/

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